sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Tadukhipa


O Rei Akhenaton do Egito (governou de 1352 a 1336 aC ) viria a tornar-se genro de Tushratta, o rei dos Mitanni, reino do norte da Síria, através da sua segunda e amada esposa, a rainha Kiya. As cartas trocadas entre Akhenaton e Tushratta foram encontradas em Amarna. As primeiras cartas foram descobertas de forma acidental por uma aldeã egípcia no ano de 1887, enquanto remexia na terra. A recolha desta correspondência oficial hoje é composta por 379 tabuinhas, em escrita cuneiforme, e nela se pode ler que Tushratta, Rei da Mitânia enviou a sua filha e uma comitiva de mulheres para o Egipto.

Esta oferenda de mulheres, cavalos, panos e jóias celebravam a aliança entre os dois reinos, oficializada e perpetuada pelo matrimónio entre Faraós e Princesas destes dois reinos.

Gilukhipa, irmã do Rei Tushratta da Mitânia, já teria desposado o Faraó Amenhotep III e agora era vez da sua sobrinha unir-se a Akhenaten. Assim consta dos escritos de Amarna, datados de 1350-1340 a.C.

Sabe-se também que o futuro marido de Kiya não estava destinado a ser rei do Antigo Egito. Este lugar seria ocupado pelo seu irmão mais velho, o príncipe Tutmés, que era filho de Amenhotep III com Gilukhipa, tia de Kiya. Porém, Tutmés morreu antes do ano 30 do reinado do pai (possivelmente no ano 26) e Amenhotep IV, mais tarde autointitulado Akhenaton , ascendeu à categoria de "Filho Maior do Rei", ou seja, herdeiro do trono.


Akhenaton tornou-se rei aos quinze anos por volta de 1364 a.C. Os cinco títulos faraónicos por si adoptados, que de certa forma indicavam o programa simbólico do novo monarca, foram...
  • Nome de Hórus: Touro poderoso com as duas altas plumas
  • Nome das Duas Damas: Grande é a sua realeza em Karnak
  • Nome do Hórus de Ouro: O que leva as coroas de Hermontis
  • Rei do Alto e Baixo Egipto: Maravilhosas são as manifestações de Rá
  • Filho de Rá: Amenófis, divino regente de Tebas
Pensa-se que nesta altura já estaria casado com Nefertiti a sua primeira esposa. Durante muito tempo defendeu-se que Nefertiti teria uma origem estrangeira, devido ao fato do seu nome significar "a bela chegou", mas actualmente a maioria dos investigadores considera que ela seria egípcia.


Em Tebas, bem como em Mênfis e em Hermópolis, Akhenaton  iniciou um programa de obras públicas. Em volta do templo de Amon em Karnak (Tebas) mandou construir quatro templos dedicados a Aton, o que para alguns autores seria uma tentativa de realizar uma fusão entre os dois deuses.
No ano 3 do seu reinado Akhenaton  celebrou o festival "sed". Estes festivais eram celebrados quando o faraó fazia trinta anos de reinado. Não se sabe a razão que levaria Akhenaton  a celebrar este festival tão cedo. O que sabe é que no festival apenas mencionou o nome do deus Aton.
No ano 5 do seu reinado, o rei declarou-se também filho e profeta de Aton, uma divindade representada como um disco solar, sendo o próprio faraó o único representante dessa divindade.

Questiona-se ainda se a adoração quase exclusiva do Deus Sol introduzido por Akhenaton, oriundo de uma família mista poderia ter tido ligações com as crenças dos indianos Mitannis que a adorava Surya, o Deus Sol. As implicações deste encontro inicial entre os indianos e o mundo ocidental tem sido amplamente aceite entre os estudiosos bíblicos que vêem as crenças de Akhenaton como modelo para as posteriores crenças monoteístas de orientação judaica-cristã. O famoso hino a Aton de Akhenaton é visto como um precursor do Salmo 104 da Bíblia e foi influenciado pelos hinos "védicos" que faziam parte do património Mitanni.

Os Mitanni, que adoravam deuses védicos, eram um reino indiano que tinha laços de união através de diversas gerações com as dinastias egípcias da qual a 18º pertencia a Akhenaton. Os Mitanni eram conhecidos pelos egípcios como os Naharin (N'h'ryn '), ligados ao rio (nahar), muito provavelmente se referindo ao Eufrates. No seu auge, o império de Mitanni alongava-se de Kirkuk (antiga Arrapkha) e as montanhas Zagros, no oeste do Irã, no leste, através da Assíria até o mar Mediterrâneo, a oeste. Seu centro estava na região do rio Khabur, onde a sua capital, Wassukkani provavelmente estava localizada.

A filha do Rei mitanni Artadama foi casada com Tutmés IV, avô de Akhenaton, e a filha de Sutarna II (Gilukhipa) foi casada com seu pai, Amenhotep III que governou durante 1390-1352 aC. Em sua velhice, Tushratta escreveu muitas vezes a Amenhotep que desejava casar sua filha Tadukhipa com ele. Parece que ela chegou pelo tempo que Amenhotep III estava morto. Tadukhipa acabara no harém real e casada com o novo rei Akhenaton, tornando-se conhecida pelo diminutivo Kiya.












































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